... entendes o valor da gastronomia.
Chovia lá fora, e naquela cozinha também.
A angústia do espaço obsoleto fazia-se sentir pela água que molhava o fogão, ainda assim não desistia. Podia descrever o tamanho do desespero mas não é por aí que o caminho vai.
Pensava que ia entrar alguém com fome, alguém que correra as estradas para ali entrar. Confesso que a preocupação era enorme, acreditar para continuar era o lema.
Entra o guardião e diz; "querem ver-te, vêm para te ver."
Cumprimentos a desconhecidos que me tratavam com 2100 anos de reconhecimento. Espreitava o galo, recebido por oferta, que depenei e arranjei. A cabidela foi entregue a mesa a gritar de quente e envinagrada que baste. Lambem os dedos, fotografam a frigideira, num canto que pertence ao Mundo.
1 Galo do campo
2 cebola
2 dentes de alho
1 cabecinha de cravinho
1 folha de louro
1 colher de carqueja
1 malagueta
vinagre qb
vinho branco
sangue do galo com sal
arroz carolino Bom Sucesso
azeite e 1 colherinha de banha
Caldo de galinha (aproveitamento )
...
Alegres comensais que de barriga cheia vão contentes.
A história que era dita, pertença de professores, estudos escritos e investigados, a horas a entender as peças registadas de arqueologia, hortas, e a comunidade.
Os repastos baseiam-se sempre na cultura, no conhecimento e nas leituras. Já os sabores, ah, os sabores, esses são feitos com a alma, a minha alma, a ternura dos meus sonhos, o respeito e o amor.
Ali ficou o sabor do meu tamanho e não o reconhecimento, mas terei sempre o privilégio de o ter feito.
"Já eu vi o taverneiro vender vaca por carneiro, mas não vi por vida a minha vender vaca por galinha..."
Lá fora ouvem-se os escarros de gente miúda, e a mal dizencia, não entendem a dimensão se não o viveram. Esquecemos o prometido pois não temos mais nada para oferecer.
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