“ Na verdade o homem não é só o que come, mas também a maneira como come.” - Inês de Ornellas e Castro in “O livro de cozinha de Apício”
A dieta, na Antiguidade era fundamentada por vida saudável, cura e exercício frequentes, descansos, purgas e banhos regulares. A medicina antiga prevenia e preservava a saúde na dieta, então, tinha a função de restaurar o equilíbrio, ou impedir, que algo quebrasse a harmonia.
Conduzo-vos agora para umas das ervas e especiarias que se encontram entre 30 receitas de Apício, que se manifestam com a medicina antiga na preparação culinária, dando-nos indicações da terapêutica, como por exemplo o “oxygarum digestibilem”:
“XXXII – “Digestivo Xarope” 2 onças de cominho, 1 onça de gengibre, 1 onça de Arruda fresca, 6 escrópulos de bicarbonato de sódio, 12 escrópulos de tâmaras grandes, 1 onça de pimenta, 9 onças de mel. Mergulhe em vinagre os cominhos da Etiópia da Síria ou da Líbia, seque-os muito bem e esmague-os assim. Depois ligue-os com mel. Quando precisar use com garum de vinagre.”
O mundo das ervas de Apício era vasto e mencionava inúmeras. Como exemplo, duas que descrevo de seguida:
Cominhos
Gengibre
Os cominhos (comminum cyminum) conhecidos como falsa anis, são originários do Turquestão ou Turquistão, região geográfica da Ásia Central. O seu gosto e o seu perfume lembram a alcaravia (cominho romano). Segundo Jean Claude Rodet, no seu Livro “Verts Médicinales des Plantes Aromátiques (Rodet, 2012: 69), os hebreus usaram esta especiaria para pagar o dízimo. Os servos Ingleses medievais, para resgatar a sua servidão. Já os Egípcios usavam-no como pimenta e colocavam na tumba dos seus defuntos. O cominho também muito apreciado pelos romanos, era uma das especiarias mais usada nas receitas de Apício.
Os cominhos estão associados à lealdade.
Contêm óleos essenciais, os flavonóides, favorece a menstruação, aromatizante,aperitivo,digestivo,carminativo,anti-coagulante sanguíneo, redutor de plaquetas no sangue.
Gengibre (gengiber, eris) - Uma espécie anciã, especiaria tropical, sem se conhecer muito bem a sua origem, Malásia/Índia/China, contudo bem conhecida por Gregos e Romanos. Não só Apício a utilizou, mas também Plínio, o Velho (23 dc a 79 dc), um naturalista romano, e Pedânio Dioscórides, um autor greco-romano, fundador da farmacologia. A obra deste último “De matéria médica”, foi a principal fonte de informação sobre drogas medicinais desde o século I até ao século XVIII. O gengibre era muito comum nas mesas aristocráticas da idade média. Considerado como o indivíduo mais importante e influente na formação da história humana, Confúcio (551 a.C a 479 a.C), mencionava que gengibre estimula a eliminação de toxinas da carne e evitava a putrefação intestinal. O gengibre carrega 40 tipos diferentes de antioxidantes.
Existem duas espécies de gengibre:
- O cinzento, proveniente das Índias: odor forte e picante (gingérol)
- O branco, proveniente da Jamaica: sabor superior, quase que queima.
Enorme fonte de magnésio (Mn), atua como coo-fator para várias enzimas que facilitam uma dúzia de processos metabólicos diferentes, participa na prevenção de danos causados por radicais livres. Conhecido também como fonte de Cobre (Cu), necessário à formação de hemoglobina e colagénio (ótimo cicatrizante), analgésico, anti diarréico, anti infeccioso e por fim afrodisíaco.
Plantação autónoma, em vaso ou na terra e de multiplicação rápida. 9 a 10 meses de crescimento.
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