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Os Mercados regionais

Reencontro gastronómico em família | AGOSTO 2023



A importância dos mercados e a cultura gastronómica variam por regiões devido à disponibilidade e ao acesso a diferentes ingredientes, clima, tradições culinárias locais e influências culturais. Na minha opinião e alguns exemplos de como os mercados e a cultura gastronómica mudam em diferentes partes do mundo:


Na América Latina assisti a mercados de rua frenéticos comuns nesta região, onde  podemos encontrar frutas tropicais, legumes, pimentas, especiarias e carnes frescas de uma qualidade altíssima. A culinária deixa-se  influenciar por legados indígenas, europeus e africanos, com pratos como ceviche, tacos, arepas, feijão e arroz, e guacamole. Delícias que se aplicam na cozinha profissional, mas tb na doméstica. Receituário que agrega o valor esquizofrénico do amor.

Por seu lado, a Ásia oferece corredores de mercados de rua onde se distingue uma parte fundamental da cena gastronómica asiática, com ingredientes e especiarias exóticas em exposição. Cada país é palco das suas próprias especialidades regionais, como o ramen japonês, os dim sums chineses, o pad thai tailandês e os curries indianos. A fusão mediática da alma com o olfacto. A renúncia ao corpo físico e o ganho espiritual inundados de cheiro e sabor.

Aqui, onde cresço em abundante fervor, na Europa: Com uma ampla variedade de cozinhas, a Europa conta com mercados que oferecem todas as variedades organicas e biológicas de queijos, chouriços, brindes do mar, vinhos e cervejas de alta qualidade. A culinária varia de país para país, com pratos desde a chanfana de cabra, franguinho da Guia, lampreia Basca, açordas, pizza italiana, croissants franceses, tapas espanholas, as cervejas Belgas e chucrute alemão. Entre tantos e tantos outros sabores a mar e terra que elevam país a país ao seu Ego gastronómico.

Porém em África, os mercados de rua são uma parte essencial da vida em muitos países africanos. As refeições são muitas vezes compartilhadas em volta de uma tigela, como com a injera da Ethopia ou o fufu da África Ocidental. Outros pratos notáveis são o bobotie da África do Sul, o cuscuz marroquino e o peixe grelhado com molho de amendoim da África Ocidental tudo excelente quando se junta à união humilde das gentes locais. Onde o sabor vai alcançar algo que partilhamos sem dar conta, o fraterno.

Chegamos então a América do Norte onde os mercados de agricultores são comuns nesta região, com uma grande variedade de frutas e legumes. A comida é influenciada por culturas de todo o mundo e pode ser encontrada em pratos icónicos como hambúrgueres, cachorros-quentes, churrascos, tortilla chips e poutine canadense. 

Muito resumidamente, os mercados e a cultura gastronómica variam de região para região, com diferenças notáveis baseadas na diversidade disponível, tradições e influências culturais locais.


Centro-me agora em portugal e muito nas regiões por onde ando, dou conta que ao comprar em mercados regionais tenho acesso a produtos frescos e de qualidade diretamente dos produtores agrícolas e pecuária como também do mar/rio. Alegra-me que ao comprar diretamente apoio a economia local e incentivo práticas sustentáveis de produção e pesca. 


Nestes mercados regionais, os produtores e pescadores geralmente oferecem produtos frescos que foram colhidos, pescados ou produzidos recentemente. Produtos estes que têm um sabor mais intenso e são mais saudáveis, já que não passaram por longos processos de armazenamento e transporte. Além de comprar direto aos produtores, sendo mais  barato, já que não envolve intermediários.

Nos mercados podemos descobrir novos alimentos ou produtos que não estão disponíveis nos supermercados locais. Isso permite-nos experimentar novos sabores, conhecer melhor a culinária local e apoiar pequenos produtores dedicados e sobreviventes.


Portanto, ao comprar em mercados ,não só está só a garantir a frescura na sua mesa mas sabor, como também está a apoiar a economia local e incentivar as  práticas sustentáveis de produção e pesca. 


Em ambiente familiar decidimos por unanimidade viver os dias em comunhão com a produção local e comunidade dos locais, tal como fazemos em casa ou para o restaurante. A compra de peixes e exclusivos do mar provenientes da pesca de arte xávega em ambientes de férias pode ser uma experiência muito positiva. A arte xávega é uma técnica de pesca tradicional que é praticada em algumas regiões costeiras de Portugal, utilizando uma rede de arrasto operada por um conjunto de pescadores. Homens que devem ser brindados todos os dias. 

Quero com isto realçar o consciente colectivo e promover a sustentabilidade tanto doméstica como profissional.

A pesca proveniente desta técnica de pesca tradicional, permite a  apoiar a economia local e incentivar  a preservação de práticas sustentáveis de pesca. A pesca de arte xávega é geralmente considerada uma técnica de pesca mais sustentável do que outros métodos, prática de pequenos grupos de pescadores locais, que capturam peixes e exclusivos do mar de forma mais seletiva e cuidadosa.

Afirmo que ao  comprar peixes e exclusivos do mar da arte xávega em ambientes de férias pode ser uma maneira de experimentar novos sabores locais e frescos repondo o iodo em falha no grande percurso de concentração estudantil e carga laboral porque todos passamos no decorrer do ano. Os peixes e frutos do mar capturados por esta técnica de pesca geralmente são frescos e saborosos, capturados no próprio dia ou no dia anterior.

No entanto, ao comprar da arte xávega em ambientes de férias, é importante escolher fornecedores confiáveis e que observem as normas de segurança alimentar. Verifique se os produtos estão frescos e adequadamente refrigerados, e se o local de compra é licenciado e regulamentado pelas autoridades locais e de saúde. Os mercados camarários são extraordinários para nos mostrar as gentes e certificados.

 Uma experiência positiva e agradável maneira de apoiar a economia local, incentivar práticas de pesca sustentáveis e experimentar novos sabores frescos. As férias de verão são a oportunidade para incluir gastronomia e criação de experiências e memórias em família. Uma maneira de fazer isso é experimentar novos sabores, visitar mercados e permitir que eles conversem com os vendedores e escolham o seu alimento. (A promoção do não neofóbico)


Além disso, envolver as crianças na preparação de refeições e na criação de novo receituário. Pode ser uma atividade divertida em família e que permite que as crianças aprendam mais sobre alimentos e culturas diferentes. Os desafios, geralmente, ensinam as crianças e representam autoconfiança, preparar pratos tradicionais ou tentar um prato novo que nunca experimentaram antes.


O fortalecimento de laços através  da comida e das compras pode incentivar visitas às quintas organicas ou cooperativas locais para conhecer os produtores, o que nos leva aprender mais sobre a produção de alimentos e pesca. Desta forma ajudamos todos a manter um nicho de turismo mais sustentável e de formação coletiva. Ajudar a ensinar as crianças sobre a importância da sustentabilidade e do consumo consciente.



Incluir a gastronomia e a criação de experiências em família nas férias de verão pode ser uma maneira divertida e educativa de passar tempo juntos e explorar novos sabores e culturas.Avistem mercados, leiam com as gentes locais e ajudem a resiliência de quem não tem só Verão. 

Divirtam-se entre as memórias do verão nas histórias do Inverno!


Comentários

Sensacionais

RECEITA de uma análise positiva

 Mas não sou eu que importo... Dia 9 de Dezembro de 2020, o dia em que troquei as queimaduras do fogão por um teste positivo ao vírus SARS-COV 2. Não podia ter acontecido, como?  Questiono-me muitas vezes como falhei, Mas a resposta foi sempre a mesma; permissiva e a falta de consciência alheia. Fechei o meu estabelecimento, disse não a tantas reservas, chorei cada vez que negava aquilo que mais gostava de fazer, Cozinhar, chorei porque contagiei o meu marido e o meu filho (que responsabilidade, meu Deus), Chorei pq não tenho forças para estudar (que frustração) e ainda tenho que ser grata por estar viva... Estou em casa fechada há 38 dias, doente, sem faturas e 2 "safts" (para quem entende, isto dói!), os sintomas foram imensos e graves, mas ainda tenho que mostrar gratidão por nada ser respiratório (até agora).  O Covid19 bateu-me á porta sem perguntar se podia entrar. E andam por ai todos a passarinhar. Uns bebem vinho pelos botecos que restam abertos, outros fazem fogueir

Ovos verdes na Merenda

O reconhecimento que aqui se escreve é, sem dúvida alguma, a relação histórica de várias civilizações maquilhada pela tradição na partilha do povo. Um apontamento com força suficiente para chamar a atenção às novas cozinhas e manter a distinção desta cozinha de costumes. Em Idanha-a-Velha, outrora Civitas Igaeditanorum datada do século I a.C., com uma carga histórica entre muralhas preservadas até aos dias de hoje, ás suas ruínas dedico-lhes o ovo , alimento que havia em todas as casas. A acompanhá-lo, as ervas das hortas, preparando-o para as merendas de festa: Ao tratares as tuas galinha tal qual Apício , Marcus Gávio, alimentando-as com o alimento proveniente dos recursos naturais da natureza, terás os melhores ovos do Império. Escutando Doutorados em Zoo-arqueologia, fico atenta e consciente que nesta nossa Aldeia, Idanha a Velha, já os Romanos comiam ovos com ervas!!! [adoro quando não acrescento, mas sim relembro e registo!!!] Ovos verdes  - Para levares na merenda, primeiro tens

Dióspiro com Feta

 Inspirada na mitologia grega, o alimento de Zeus, brindo-vos com mais uma das minhas receitas; Lava sem magoar este  fruto tão especial. Corta os topos do dióspiro e reserva. Com uma colher de chá retira o interior (scoop) e reserva numa tigela, junta ao puré de diospiro, mel, amêndoas, vinagre balsâmico e queijo feta (eu prefiro com feta pois considero o queijo dos deuses), e carinhosamente mistura muito bem, prova e adoça a gosto. Com a vareta acaricia a mistura, e pensa na festa. Usa a mistura para encher (refill) os diospiros e deixa descansar por 30minutos. O empratamento fica a teu gosto.  Excelente para vegetarianos e neste Natal surpreende, esta seria a entrada de Natal no meu restaurante para os vouchers que vinham a caminho ♡

Bolo de cenoura

Inspirada na origem geográfica Judaica, apresento-vos o meu Bolo de cenoura em entrega á Aldeia Histórica de Belmonte a mais judaica das gémeas 12. A culinária judaica é uma das mais saborosas e tradicionais que se têm registo, no entanto, pouco se modificou no decorrer de séculos de história em sua formação cultural. Originalmente, essa cozinha enfatizava os sete elementos bíblicos citados no Deuteronómio: a cevada, o trigo, a azeitona, o figo, a romã, a tâmara e as ervas. E há alguns milênios atrás, as comidas eram rústicas, elaboradas pelas mãos de camponesas judias, que foram transmitindo as receitas oralmente para suas filhas, como uma das formas de manter a identidade e a união de um povo escolhido. Optei pela religião na escolha de receituário gastronómico, pois a culinária reflete história, hábitos e costumes de seus comensais. Quando pensamos na comida judaica, que se adaptou às necessidades de seu povo no decorrer da história entendemos a veracidade de ambas. Quando os roma

(Re) pizza

 Podia comer-se somente com azeitonas, como gosto tanto... Num pequeno monte (quase imaculado por proximidade) feito de pedras e oliveiras conheci uma mãe, nascida sobre o signo de leão, em data especial para mim, 15 de Agosto. Uma mulher conhecedora do mundo, mãe de dois filhos e douta de dedicação familiar. Jamais pensaria escrever sobre esta Mãe se não me tivesse acrescentado conhecimento na vida.  Em 7 anos de aprendizagem com Clarisse Ferreira Calado ( sem autorização de a mencionar, mas não consigo resistir) tive o prazer de vivenciar a vida desta aldeia "Serra de Santo António", apaixonei-me nas pedras e pelas pedras, apaixonei-me pela água que ali não corria, as pessoas que toquei e que ainda hoje passam por mim, tempo de aprender os costumes que hoje servem de tinta nas minhas mãos. Clarisse, manipulava os alimentos na sua cozinha de campo, um ritual, no Inverno acender pela manhã na antiga lareira e de alpendre. O bacalhau já demolhado de véspera esperava as brasas

Sopa de Feijão do Rosmaninhal

Rosmaninhal - onde  dogmas   são   transmitidos   de   geração   em   geração  influenciando a p assagem   periódica  de rebanhos da Serra da Estrela e das varas de porcos vindos do Alentejo. Marcada região de Idanha a Nova e quase deserta nos dias de hoje podemos assistir em silencio a beleza do parque Natural do Tejo internacional, avistando aves e veados. A sua envolvencia é entre as gentes das Cegonhas, Couto Dos Correias e Soalheira. Fora Vila em 1510 a 1836, hoje quase despovoada mas com muito cheiro a tradição. Podia falar do cordeiro e do queijo que marca esta Aldeia com grande requinte, mas não. Trago-vos a sopa de feijão, tão rude como o rosmaninhos que percorrem os caminhos e a pureza de quem lá vive. Junto de gentes antigas que tive o prazer de conversar, para cozinhar esta  sopa devemos usar o feijão  redondo (muito usual nesta Beira interior raiana)  dizem que fica com o " molho mais grosso" [caldo consistente] .    Demolhar o feijão em água fria de um dia para

Marmelo ancestral em paz e amor - Idanha a Nova

 [GOLDEN APPLE, diziam os gregos] Em meados do século VIII, durante o período medieval, trazido pelos árabes. O marmelo começa a ser cultivado em diferentes regiões da Europa. No entanto, foi somente no século XVIII que o marmelo se popularizou na Inglaterra, onde era consumido principalmente na forma de geleias e doces. Atualmente, o marmelo é amplamente cultivado em países como Portugal, Espanha, Itália, França e Grécia,  muito usado tanto na culinária quanto na produção de cosméticos e medicamentos. Os reis da Europa medieval consideravam o marmelo uma das frutas mais nobres e valiosas devido ao seu sabor exótico e raro, além das propriedades medicinais que lhe eram atribuídas. O marmelo era frequentemente oferecido como presente entre a nobreza e era um ingrediente muito apreciado na culinária refinada da época. Na medicina medieval, o marmelo era utilizado para tratar diversas doenças, principalmente problemas gastrointestinais. De acordo com crenças populares, o marmelo também ti