Podia comer-se somente com azeitonas, como gosto tanto...
Num pequeno monte (quase imaculado por proximidade) feito de pedras e oliveiras conheci uma mãe, nascida sobre o signo de leão, em data especial para mim, 15 de Agosto. Uma mulher conhecedora do mundo, mãe de dois filhos e douta de dedicação familiar. Jamais pensaria escrever sobre esta Mãe se não me tivesse acrescentado conhecimento na vida.
Em 7 anos de aprendizagem com Clarisse Ferreira Calado ( sem autorização de a mencionar, mas não consigo resistir) tive o prazer de vivenciar a vida desta aldeia "Serra de Santo António", apaixonei-me nas pedras e pelas pedras, apaixonei-me pela água que ali não corria, as pessoas que toquei e que ainda hoje passam por mim, tempo de aprender os costumes que hoje servem de tinta nas minhas mãos.
Clarisse, manipulava os alimentos na sua cozinha de campo, um ritual, no Inverno acender pela manhã na antiga lareira e de alpendre. O bacalhau já demolhado de véspera esperava as brasas para ser assado. Antes já a panela fervia com o feijão branco em água, cebola, louro, alho e sal. A broa de milho (a melhor que já comi até aos dias de hoje, Padaria Santo António) desfeita em pequenas migalhas quase cirúrgicas, recordo as suas mãos, pequenas e ligeiras!
Clarisse, manipulava os alimentos na sua cozinha de campo, um ritual, no Inverno acender pela manhã na antiga lareira e de alpendre. O bacalhau já demolhado de véspera esperava as brasas para ser assado. Antes já a panela fervia com o feijão branco em água, cebola, louro, alho e sal. A broa de milho (a melhor que já comi até aos dias de hoje, Padaria Santo António) desfeita em pequenas migalhas quase cirúrgicas, recordo as suas mãos, pequenas e ligeiras!
A faca ouvia-se na tábua com cortes repetidos para a couve serrana migar e se colocar a cozer, um perfume que inundava qualquer coração.
A união destes três ingredientes em banho de "oiro do lagar".
Azeite que jamais esquecerei o sabor, sem acidez num corpo "Serrano" perfeitamente degustado no Lagar da Serra de Santo António, um lagar tradicional, onde tibornas e boas histórias não faltavam na companhia de uns e outros que se faziam aparecer.
Repisa, uma miga de 1º classe, onde todos os sabores sabem ao que são. Mais azeite, menos bacalhau e uma mão cheia de azeitonas são os tempero da amizade e do calor da fogueira!
Uma Mãe que não era a minha, uma Serra abençoada por gentes e sabores.
Grata Serranos do meu coração.
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