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A mostrar mensagens de abril, 2021

Reabertura do Restaurante

 

Ensopado de borrego - Idanha-a-Nova

  Piedade, piedade popular Os cantos alimentam a alma como se de alimentos se tratasse. Nestas terras entranhadas estão as primitivas religiões, de longe nos séculos, que se fazem perdurar nas vozes das mulheres. Os nossos antepassados rogavam as almas pela germinação e fecundação das suas sementes, terminado o Inverno. Cultos pagãos que nos fazem viajar na história. A Alta Idade Média oferece-nos a tradição dos dias de hoje, onde o culto aos mortos é celebrado pedindo a intercessão de Deus a favor das almas sujeitas a penas do purgatório, de forma a alcançarem o céu.  A encomendação das almas é um dos cantos de piedade popular, genuíno e português, e segundo Catana (2005) não conhecemos nenhum outro povo que o cante. Durante a Quaresma, altura do renascer das plantas, pequenos grupos de homens e mulheres do mundo rural unem-se e continuam  no alto das povoações da Raia Beirã a dar vida aos cantos de piedade, a “Encomendação (Amentar) as almas”. Mesmo que outrora tenham migrado para Li

Folar De Idanha a Nova (Proença a Velha)

          Desejo e perfume Naquele primeiro dia da semana, Elas acordaram cedo. Andavam apressadas e tristes, batiam no peito e lamentavam, as filhas de Jerusalém. Choravam por elas e pelos seus filhos, a pedido de Jesus (Lucas: 23,28). Levavam perfumes com mãos pesadas, Elas estavam presentes na morte de Jesus (Lucas: 23,49) impotentes e persistentes até ao fim, viram de longe a morte e sua declaração de fim. Acompanharam o corpo sepultado na véspera do sábado, viram o túmulo e o corpo silenciado viram de longe a morte e sua pedra declarando o fim.  S. Lucas escreve e insiste em descobrir naquelas mulheres um motivo, um desejo, uma vontade de não deixar a morte dizer a última palavra (Lucas: 8). Elas prepararam perfumes com especiarias e unguentos para o corpo morto de Jesus (Lucas: 23,56). Guardaram o sábado, repousando! Nas mãos os cheiros, nos olhos a paisagem de morte e dor. O óleo perfumado era uma tradição, algo que era costume fazer com o corpo morto, como a última homenagem.