Idanha é muito mais que um destino turístico, Idanha é uma obra em museu aberto
avivando-nos a memória do que acontece quando a “gente” se vai embora.
Durante o estudo, as notas vão sendo imensas. Sendo uma mera aprendiz sobre a vivência destas gentes, nesta Beira quase vazia de gente, através das vozes que ouvi e das palavras que se leem, num vasto reportório avaliado por vários investigadores e historiadores, considero que muito fica por contar. Não chegaria tinta para vos tornar conhecedores das gentes e das pedras destas desertas terras. Nelas sobressai a ancestralidade da humanidade, a piedade popular, o sangue e a lembrança dos mortos, tudo isto resultado da mudança e adaptação direta do ser humano.
Misericórdia na capacidade de inovar e dar continuidade ao futuro, preservando a tradição.
A dureza geográfica e os laços de sangue deram origem à piedade popular convertendo a paixão, a morte e a ressurreição de Cristo criando o alicerce da cultura. Idanha-a-Nova, única e construída de espiritualidade, permanece intacta no culto com grande originalidade.
Sem acesso à riqueza, por estas aldeias os mimos doces teimavam em não aparecer. Nada era oferecido como nas zonas mais ricas, isto em anos antigos. Mesmo que houvesse quem as vendesse, as famílias não tinham como comprar. O recurso à natureza era recorrente nos “gaiatos”, que, por terras raianas, descalços andavam.
Como em vão não se deixam os conselhos, Josefina Pissarra no seu livro "Sabores de uma época" , dita-nos a receita da Bica dos afilhados:
“1 kg de farinha de trigo
100g de massa lêveda
1 colher de sal
água q.b.
Coloque a farinha num alguidar de barro. Faz-se uma cova ao meio e deita-se a massa
lêveda. Vai-se absorvendo a farinha de trigo, amassando, juntando a água morna, temperada
com sal até obter uma consistência elástica.
Tapa-se e deixa-se levedar em lugar aquecido.
Molda-se em formato de pão que se achata.
Coze-se em forno bem quente. e depois de cozidas pincelam-se com azeite."
Comentários
Enviar um comentário
mente sã!