Querida Manuela Espero-a bem, assim como o seu gatinho. Não tenho sido consistente a escrever-lhe pois no trabalho tenho andado muito absorvida, e com outras coisinhas importantes. Hoje, lembrei-me de si. Sabe que em tempos passados numa pobre e humilde casa de província existia uma mulher, como todas as outras mas esta tinha um triste olhar. Olhava para uma panela vazia. O olhar ajustava-se entre a tristeza e a doçura quando ouvia os soluços de fome dos seus 6 filhos e suspiro de seu marido. Nada tinham que comer, pois nada havia para cozinhar. A tristeza não impedia que esta mulher fosse despachada e criativa. Em voz altiva mandou os pequenos para a rua num último rasgo de sol e pediu que cada um lhe trouxesse uma coisa do caminho até à estrada, e ao marido a pequena cabaça que trazia pendurada para secar e colocar o vinho. Os meninos apressaram-se. O mais novo pediu à vizinha uma pinguinha de azeite, outro duas batatas preparadas para a sementeira, o mais velho na casa a...
Onde se encontra o passado gastronómico?